Alguns episódios que marcaram a minha adolescência em Pompéia, SP. Lembranças de momentos felizes e outros assuntos...

Monday, September 21, 2015

Passei vergonha, mas aprendi…

Faz tempo que estou querendo contar isto, mas sempre invento uma desculpa e deixo pra depois. É uma história verdadeira, que me ensinou uma lição importante.

Quando seus pais lhe dão um presente de aniversário, você agradece? Agradece a eles pela comida que lhe dão? Pelas roupas, pela cama onde você dorme, pela casa que você tem? Aposto que não agradece, porque acha que isso é obrigação deles…

trem

Turner Fernandes dos Santos era meu amigo, meu vizinho, meu colega de ginásio. Tinha parentes em Bauru, e eu também. Um dia, durante as férias, acho que foi em 1955, combinamos de viajar juntos para passar uns dias em Bauru. Pegamos o trem e fomos. Ele ficou hospedado na casa dos parentes dele, e eu na casa dos meus parentes, e a gente se encontrava todos os dias para passear e conhecer melhor a cidade.

Um dia, a família dele me convidou para almoçar. Fui, meio envergonhado por não conhecer bem a família, mas fui contente.

A comida foi servida e nos sentamos à mesa. Eu, como sempre, fui logo metendo a mão na comida. Acho que era uma travessa com bistecas assadas, que tinham um aroma divino! E eu estava morrendo de fome!

Ninguém se mexeu. O Turner me olhou com um olhar de reprovação, e disse:

-- Vamos orar em agradecimento.

E fizeram uma oração rápida, agradecendo a Deus por mais um dia, pela comida que estava sendo servida e pedindo as bênçãos do pai sobre as mãos que haviam preparado aquele lauto almoço. Chegaram até a agradecer pela minha presença naquela casa…

Eu fiquei morrendo de vergonha, ali sentado, com aquele pedaço de bisteca na mão. Não sabia onde enfiar a cara, e acho que estava vermelho como um peru.

Foi a primeira vez que isso me aconteceu e naquele dia eu aprendi que devemos sempre agradecer a Deus, não só pela comida que temos à mesa, quando milhões de pessoas não têm sequer um pedaço de pão para morder. Aprendi que devemos agradecer também, a cada raiar do sol, por mais um dia. Devemos agradecer pela nossa casa, nossa roupa, nossa família, nossos amigos, enfim, por tudo que temos.

Você agradece? Pois aprenda a agradecer, porque isso não é coisa de crentes, ou de evangélicos, Isso é coisa de quem reconhece o infinito amor de Deus por nós.

Wednesday, July 1, 2015

A mentira oficializada.


  Vamos deixar de lado a cegueira partidária, que nos faz elogiar qualquer coisa que um lado faz e ao mesmo tempo criticar tudo que o outro lado faz (ou fez) e vamos tentar ser objetivos.
  A corrupção é histórica no nosso país, e não é coisa desse partido ou daquele. É um câncer que atinge a sociedade inteira. E o empreguismo, os cabides de empregos não são novidade no Brasil. São uma forma antiga que os políticos usam para “pagar” favores ou para premiar amigos, parentes e correligionários.
  Vou dar só um exemplo. Quem se lembra das nossas ferrovias? Instaladas pelos ingleses, eram exemplos de eficiência. Meu pai acertava os relógios de casa pelo horário em que os trens passavam. Depois ele conferia pela Rádio Nacional e os relógios de casa estavam sempre ceritnhos. A nossa Companhia Paulista de Estradas de Ferro também transportava quase todas as mercadorias que os comerciantes vendiam.
  Um belo dia, alguém decidiu estatizar as ferrovias paulistas, inventando a malfadada Fepasa, com a única e exclusiva finalidade de empregar parentes, amigos e correligionários. Que aconteceu? A empresa inchou e acabou explodindo. As ferrovias paulistas apodreceram, desapareceram do mapa. O mesmo aconteceu com a RFFSA. Hoje, com as rodovias em péssimo estado e com o pedágio e os preços dos combustíveis subindo mais do que foguete da NASA, os saudosos trens de antigamente fazem uma falta tremenda!
  A privatização tem o seu lado positivo e os melhores exemplos são a Embraer e a Vale do Rio Doce, mas também acabou com muitas empresas de valor, como a falecida VASP, por exemplo.
  Portanto, olhando por esse prisma, a privatização e a estatização são duas mentiras. Mas a maior de todas as mentiras é a propaganda oficial.
  Todo mundo sabe que a propaganda é uma forma de enaltecer valores que, em grande parte dos casos, não existem. A propaganda oficial também serve para isso, além de ser outro foco de corrupção, com superfaturamento, notas frias, empresas fantasmas, etc.
  Mas vamos nos ater à propaganda em si. Inventam slogans e saem propalando aos quatro ventos as obras que o governo faz ou pretende fazer. Por quê? Se o governo presta, todo mundo vai ficar sabendo, mesmo sem a propaganda. E, se o governo não presta, isso não vai mudar com a mentira da propaganda oficial.
  Muitos billhões de reais são jogados fora todos os anos com a propaganda oficial. Pior do que isso é o fato de que o governo direciona essas verbas para as empresas que lhe são favoráveis. E, como sempre, quem paga é o povo, através dos impostos extorsivos que os governos cobram.
  Que vergonha! Mas não tenho vergonha só dos políticos de direita e de esquerda que sempre mentiram e continuam mentindo com a sua propaganda oficial. Tenho vergonha do nosso povo, que engole tudo. Ninguém faz nada para mudar a sociedade corrupta do nosso país. Todo mundo se limita a ver os comediantes rirem de tudo isso na TV e rirem junto com eles. Todo mundo se diverte, a corrupção domina todos os aspectos da vida brasileira e a gente vai achando que vive bem…
  É, a mentira oficializada dá resultado.

Tuesday, June 16, 2015

Voltar para o Brasil?

em casa
   Aqui todo mundo respeita as vagas de estacionamento para deficientes. Todo comerciante tem troco à vontade. A tecnologia está décadas à frente do Brasil. O dinheiro dos impostos é rigorosamente aplicado em favor dos contribuintes. O pedágio, quando é cobrado, é infinitamente mais barato do que no Brasil. O dinheiro do pedágio é rigorosamente investido no mesmo local onde é cobrado. Há policiamento nas ruas e nas estradas, os policiais ganham muito bem e, por isso, é quase impossível subornar um policial, 
  Tem coisas que ainda existem no Brasil e que eu sinceramente não entendo, como o tal do "boleto bancário". Aqui quem paga todas as minhas contas, automaticamente, todos os meses, é o meu banco. Eu só tenho que me lembrar de depositar a grana, para a minha conta não ficar negativa. Como resultado disso, hoje já não vemos filas nos bancos. A Internet acabou com isso, assim como está acabando com o correio, com os telefones públicos, e com muitas outras coisas.
   Cheque especial é coisa de brasileiro. Aqui não tem disso, graças a Deus, porque é outra maneira de os bancos cobrarem juros abusivos. A tal convenção do cheque pré-datado também não existe. Se você dá um cheque com qualquer data, quem recebe o cheque vai imediatamente ao banco depositar ou cobrar. Se não tiver fundos, pode até dar cadeia. 
   Quando eu morei em Houston, no Texas, em meados dos anos 80, trabalhei numa agência de notícias e me lembro de que, uma noite, a polícia saiu para cobrar cheques. Isto é, ia batendo na casa das pessoas que tinham dado cheque sem fundo. Quem tinha com o que pagar, pagava na hora. Quem não tinha com o que pagar, devolvia a mercadoria. Quem não tinha com o que pagar e nem tinha mais a mercadoria, tinha que encarar uma cadeiazinha de leve, até um juiz decidir o que fazer. 
   Os carros aqui não têm a placa lacrada. A placa é apenas parafusada e o licenciamento é feito todos os anos pelo correio. Alias, aqui na Flórida, eu posso pagar o licenciamento a cada dois anos, se quiser.
   Minha carteira de motorista tem validade de 10 anos. Vai vencer no dia do meu aniversário, em 2018. Aí, eu visito o site do Detran daqui e renovo a carteira pela Internet, fazendo o pagamento da taxa de $25 com o cartão de crédito. 
  Dezenas de empresas comerciais têm um sistema pelo qual a pessoa compra uma mercadoria pela Internet, paga com o cartão de crédito e vai buscar a mercadoria na loja, na mesma hora. Não tem fila, não tem demora, não tem nada mais. É igual uma compra pela Rede, mas a gente pode ir buscar a mercadoria na loja, alguns minutos depois. 
   A lista de impostos é muito menor do que no Brasil, claro. E a gente sabe quanto está pagando de imposto, ao comprar qualquer mercadorria. Não se paga imposto ao comprar remédio. 
   A descentralização governamental é outra coisa que torna a vida melhor por aqui. O governo mais forte, por incrível que pareça, é o governo municipal, ou governo local, como eles dizem aqui. Cada município tem a sua independência e é muito mais fácil para o cidadão fiscalizar os seus representantes, que estão aqui mesmo. O voto distrital é uma realidade,e eu sei quem são os meus vereadores, os meus deputados estaduais, os meus deputados federais e os meus senadores. Eles foram eleitos aqui, com o voto de quem mora aqui, e estão sempre aqui, mantendo contato direto com o povo. Todos os deputados estaduais e federais e os senadores estaduais e federais (aqui há senados estaduais) têm escritórios nos distritos onde foram eleitos e qualquer eleitor tem facilidade para falar com eles. Aliás, não importa se o eleitor votou nele ou não. Eles representam eleitores de todos os partidos e atendem eleitores de todos os partidos. Não há só dois partidos, mas pode haver vários, dependendo do estado. 
  O sistema político daqui é tão descentralizado que, no estado de Nebraska, cuja capital é a cidade de Lincoln, o parlamento é unicameral, isto é, só tem uma câmara parlamentar, que poderíamos chamar de assembléia estadual. Os deputados NAO RECEBEM SALÁRIO ALGUM, e só trabalham três meses por ano nessas funções, No resto do ano cuidam dos seus negócios particulares. Que tal isso como idéia para o Brasil? É uma boa idéia, mas JAMAIS seria aprovada no nosso país. 
  O dinheiro público é sagrado, e eu sei disso porque, quando trabalhei como intérprete do Departamento de Estado, o relatório mais sério que eu tinha que preencher, depois de cada viagem que eu fazia, era o relatório financeiro. Eu tinha que dar conta de cada centavo gasto, e tinha que apresentar provas de todos os gastos. No caso de haver diferença. não é só devolver o dinheiro, mas é preciso explicar exatamente o que aconteteu e por que houve essa diferença. Enfim, é bem o contrário do que vemos no Brasill. 
  Eu garanto que muitos, muitos brasileiros que moram ou já moraram aqui não sabem de agumas das coisas que eu disse acima. E ainda há muitas diferenças mais, entre os Estados Unidos e o Brasil.
  Há quem diga que eu sou uma pessoa de sorte, mas eu acho que não. O fato é que já dormi muitas noites com o carro da minha mulher estacionado na frente de casa com as portas destrancadas. Ela esquece de trancar o carro de vez em quando, e nunca fomos roubados. Uma noite, meu filho chegou em casa tarde da noite, depois que a minha mulher e eu já estávamos dormindo, e esqueceu de fechar a porta da garagem. O vizinho da frente, que é gringo, chegou na casa dele às 2:30h da madrugada e viu a minha garagem com a porta escancarada. Ele veio, baixou a porta e só me avisou no dia seguinte. Quando fiquei sabendo, perguntei ao meu filho a que hora ele tinha chegado, e me disse que entrou em casa às 11h. A garagem ficou com a porta aberta desde as 11h da noite até 2:30h da madrugada e ninguém veio roubar nada... 
  Um dia eu fui ao Costco, loja de atacado igual ao nosso Makro, fiz uma compra, deixei o carrinho de compras no estacionamento e fui ao Correio, que fica a uns 10 minutos dali. Quando estava chegando no Correio, lembrei que tinha deixado a carteira no carrinho de compras! Virei o carro e fui voando de volta ao Costco. Entrei no estacionamento e fui direto ao local onde tinha deixado o carrinho. A carteira estava lá, do jeitinho que eu deixei, 20 minutos antes, com gente passando ao lado, pra lá e pra cá..Por que será que ninguém pegou? Por sorte minha? Ou porque todo mundo aqui é honesto? Não. E porque o povo respeita o que é dos outros e, mesmo que não respeite, tem medo da lei...
   Desculpe, mas preciso parar por aqui. Mas, se tivesse tempo, ficaria escrevendo muito mais, porque, realmente, isto aqui é outro mundo. Por essas e outras é que eu não volto, e não tenho vontade nem de passear no Brasil. Por favor, não insistam...

Saturday, May 2, 2015

Aprenda com o Lula

  Pra ele a minha opinião vale menos do que um espirro, mas não gosto do apelido dele misturado com o nome. Pra mim ele será sempre o ex-presidente Luiz Inácio da Silva. Enfim, isso também não faz muita diferença no que eu quero dizer.

  O Lula tem muitos defeitos, mas tem qualidades também. Uma delas é a persistência. Caso contrário, teria desistido muitas vezes na vida. Desde que perdeu um dedo quando torneiro, ele sofreu inúmeros revezes, mas sempre levantou, sacudiu a poeira e continuou lutando. Chegou onde chegou, apesar de não ter preparo formal para isso, e de não ter capacidade para um cargo tão importante, num país das dimensões do Brasil. E tem muita gente que acha que ele ainda vai voltar à presidência porque, a bem da verdade, ele continua lutando pra isso.

Quantas vezes você já desistiu de algum projeto? Com certeza, muitas. É raro encontrar alguém que se lançou à vida com uma meta claramente desenhada na cabeça e foi em frente. A norma é irmos nos adaptando às circunstâncias e ir dançando conforme a música. O Lula não fez isso. Insistiu, deu tudo que tinha e saiu vitorioso.

Começou pobre, no nordeste, subiu devagar, mas subiu sempre. Não teve vergonha de perder, todas as vezes que seu projeto foi derrotado. Levantou a cabeça, usou de todas as armas que podia usar, e chegou lá.

Seja qual for a sua opinião sobre o Lula, não se pode negar que ele é um vitorioso. Se não agiu direito, se não foi justo, se não foi honesto, se não foi sincero, não cabe a mim julgar. Mas o Lula é um exemplo que todos deveriam seguir. Não no aspecto da honestidade, ou da justiça, ou do direito, mas no aspecto da persistência. Ele é turrão como um jumento, e por isso foi aonde foi.

Lula não foi o único. Há uma lista enorme de pessoas que se realizaram graças à persistência. John D. Rockefeller, Henry Ford, J.P. Morgan, Thomas Edison, Soichiro Honda, Silvio Santos, Abílio Diniz, etc., etc. Até Adolf Hitler serve de exemplo. Fez muita coisa errada, usou de todos os piores meios para chegar aonde queria, e quase chegou, porque nunca desistiu de sua meta.

Geralmente, quem chega muito alto provoca danos e prejudica muita gente pelo caminho. Mas é possível realizar os nossos sonhos de modo limpo e honrado. Todos nós conhecemos gente que venceu sem prejudicar ninguém. E não é preciso ser milionário para vencer. Qualquer homem que consegue manter a família unida nos dias de hoje, pode ser considerado um herói.

Então, aprenda com o Lula. Estabeleça uma meta, trabalhe duro e mantenha os seus olhos fixos no alvo. Um dia você chega lá. Só espero que seja com honestidade, com bondade no coração e ajudando a quem precisa.

Sunday, March 29, 2015

A sujeira da TV Globo

    Pode parecer mentira ou sonho impossível de realizar, mas eu garanto que, no super comercializado mundo atual, onde a mídia consegue manipular as opiniões de milhões e os governos investem enormes somas para conduzir os eleitores para onde quiserem, quem tem força mesmo é o consumidor! Senão. vejamos:

    Os preços de quase tudo no Brasil são mais altos do que em muitos países. Produtos nacionais, como os automóveis, por exemplo, custam muito mais barato em outros países, para onde são exportados, do que no próprio Brasil. Dizem que é porque os impostos aí são muito elevados. Eu concordo, os impostos são elevados. Mas os lucros das montadoras, no Brasil, são muito maiores do que em qualquer outra parte do mundo. Os telefones, os tablets e os computadores, mesmo os fabricados no Brasil, dão muito mais lucro aí do que fora.

    É porque, seja qual for o preço, tem muita gente que compra. Muita gente, sim, gente que sacrifica outras coisas para ter o seu carrão, ou o seu tablet, que são considerados como símbolos de status, um status que, muitas vezes, não existe. Mas, se o povo parar de comprar qualquer produto, eu tenho certeza de que o preço despenca da noite para o dia!

  E aí entra a Rede Globo, com suas novelas nojentas, o BBB e outros lixos.

  Será que a Globo realmente tem todo esse poder para ditar o que o povo tem que assistir? Será que o baixo nível da grande maioria dos programas de TV no Brasil é realmente o que o povo quer? Ou seja, a TV e de fato o espelho do povo, ou o povo é que alimenta essa ânsia das TVs pela baixa qualidade e o lixo eletrônico?

   No-TVNão sou mais esperto do que ninguém e não pretendo ser. Mas é fácil resolver esse problema. Corte o cabo! Faça como eu fiz, e mande a Globo caçar sapo com bodoque! Desligue a TV! Para sempre! Foi o que eu fiz aqui em casa. Não tenho mais TV a cabo e a minha antena de TV foi desativada. Não assisto mais TV em casa. Fim! Por acaso eu ou as outras pessoas da minha família morremos? Parece que não.

   A Internet resolveu tudo. Com ela eu posso visitar os sites de qualquer TV, qualquer jornal ou revista do mundo. Aqui nos Estados Unidos, até os noticiários ao vivo eu vejo pela Internet. Filmes aos milhares, esportes ao vivo, qualquer coisa! Qualquer coisa que NÓS decidimos assistir, quando bem entendermos.

   Sou de um tempo em que não existia TV. A gente achava outras coisas pra fazer e, acredite,  ainda hoje isso é possível. Ninguém precisa da TV pra viver e pra se divertir. Acredite, tem muita gente que não pode assistir TV no Brasil ainda hoje. Gente que trabalha muito e até gente de baixo poder econômico. Mas estão vivendo e certamente muito felizes. 

   Ninguém é obrigado a assistir o que a Globo e as outras emissoras nos impõem. Basta desligar o receptor e que se danem as novelas e os BBBs! Você tem coragem de fazer isso? Se fizer, não vai ter mais que reclamar da péssima qualidade da criatividade deles. A Globo é uma das maiores TVs do mundo, sim, mas não A MAIOR! Nunca foi e duvido que algum dia seja. Quem diz isso nunca viu TV fora do Brasil. Ou, se viu, está se iludindo.

   Pobre de um país onde repetir as palavras do Jô é prova de cultura… 

Sunday, March 15, 2015

Nunca lavei privada!

   Não sei se sou bobo ou se sou bom demais. O fato é que desde que deixei o Brasil pela primeira vez, em 1965, o meu relacionamento profissional com os meus conterrâneos sempre foi o pior possível. Muitas vezes, na minha vida profissional, fui enganado, roubado e injustiçado toda vez que pensei estar fazendo a coisa certa.

toilette

   Tem muita gente que me deve dinheiro no Brasil. Se eu fosse me dar ao trabalho de somar o que deixaram de me pagar, acho que chegaria a várias dezenas de milhares de dólares. De onde? De trabalho que eu fiz e pelo qual não recebi, de dinheiro que emprestei a pessoas que estavam em situação delicada e nunca mais me pagaram, de coisas que vendi. Sem contar algumas ideias que tomaram de mim, sem a menor cerimônia. Mas, aparentemente, para uma boa parcela da população isso é normal. Comprar e não pagar é sinal de esperteza e, dentre os brasileiros, a maior parte se acha tremendamente esperta.

   Também tem casos de “amigos’ que me colocaram em situação delicada com outras pessoas. Apresentei “amigos” a outros, e estes se afastaram de mim porque levaram cano daqueles que apresentei. Claro, você continuaria amigo de alguém que te apresenta uma pessoa que lhe dá o cano? Então, não perdi só dinheiro e ideias por causa de certos brasileiros. Perdi amigos também.

   Uma vez, em Nova York, fui a uma festa onde eu era o único brasileiro. De um outro convidado, ouvi a seguinte afirmação: “Com brasileiro não dá pra fazer negócio. Quando eles compram, não pagam, e quando vendem, não entregam…”

   Em outro lugar, numa outra época, alguém me disse que o Brasil é grande, é bonito e tudo, mas nunca chegou nem perto do Prêmio Nobel, não fez nenhuma grande descoberta ou qualquer realização importante por seus próprios meios, e cujo povo considera a TV, e especialmente as novelas, como expressão de cultura. E, olha, o Programa do Jô também é uma cópia do “Tonight Show”, da NBC. Até o cenário, a orquestra, a mesa do Jô, o sofá dos convidados, tudo é copiado.

   E o “país do futebol”, que nem sequer inventou o futebol, nem futebol tem mais, depois da vergonha dos 7x1…

    Não sei se alguma coisa vai mudar com todas essas manifestações e protestos, com todas as campanhas pró e contra tudo que temos no governo desse país, um governo que, a bem da verdade, é outro motivo para eu me envergonhar amargamente do Brasil.

Nova-CubaLogo depois da chamada “Revolução” de 1964, um grande jornalista que era meu chefe em São Paulo dizia que o que tinha mudado eram os chicotes; as costas que apanhavam eram as mesmas. Apesar dessa “Revolução,” a corrupção endêmica e conjuntural não mudou nada. O Sr. Dr. Paulo Salim Maluf foi amigo dos militares. Hoje é amigo do Sr. Luís Inácio da Silva, do PT e do Sr. Fernando Collor de Mello.

   Fizemos um tremendo estardalhaço para conseguir o impeachment do Sr. Fernando Collor de Mello. Isso mudou alguma coisa? Nada!

   Mesmo que seja a sétima economia do mundo (e não sei se realmente é, ou se isso é mais uma mentira do governo) o Brasil continua sendo uma republiqueta que, no fundo, no fundo, é motivo de riso em muitos lugares.

   Não volto mais. Pra dizer a verdade, nem mesmo pra passear eu quero ir, apesar de ter parentes e muitos amigos que gostaria de rever.

  Tudo isso pra dizer de cabeça erguida: nunca tive que lavar privada para ganhar a minha vida!

Thursday, March 5, 2015

Maldita mania de complicar!

Não sei se ainda é assim, mas no governo FHC, quando houve aquela verdadeira febre de privatizações, só viajava de carro quem podia pagar o famigerado pedágio. As rodovias paralelas, que permitiam viajar sem pagar pedágio, eram bloqueadas. Isto é, por que facilitar, se podemos complicar tudo?

  E aí eu chamo atenção para uma coisa que poucos brasileiros sabem, mesmo os que já visitaram os Estados Unidos várias vezes: as placas dos veículos automotores.

54 Cheby tag A placa ao lado é da minha camionete Chevrolet 54. É uma placa especial. É original, do ano de 1954, que eu comprei em um encontro de carros antigos. Mandei pelo correio ao departamento estadual equivalente ao DETRAN e eles registraram no meu nome e me devolveram pelo correio. Paguei 22 dólares pela placa e 20 dólares pra registrar. Combina com a camionete, que é do ano de 1954. Quando recebi a placa, eu mesmo parafusei na camionete. Se quiser ver os detalhes, clique na foto da placa para ampliar.

   Nos Estados Unidos não existe essa idiotice de lacrar a placa no carro. O controle policial é feito através daquele pequeno decalque amarelo, no canto superior direito da placa. Ali tem a data de validade, no caso, novembro de 2015, o número do certificado do carro, o número do chassi e o número da placa. Esse decalque é obtido pelo correio e vale por um ano (ou dois), até o dia do aniversário do dono do carro. Eu pago 45 dólares por ano pela licença da camionete. Só 45 dólares. Nada mais. Nem IPVA nem nada. E quando me mandam o decalque pelo correio, também vem o certificado do carro, que se renova anualmente. O documento de propriedade do carro é outro, que fica guardado em casa.

   Na Flórida e na maioria dos estados americanos os veículos só têm placa na traseira. Na frente, nada. E só tem o nome do estado. Da cidade, nunca!

   Então, como a placa é parafusada, se você quiser pode por a placa em outro veículo e sair por aí? Pode, só que se a polícia pegar, você será preso no ato. E até explicar tudo, você talvez passe vários dias em cana… O pequeno decalque amarelo diz tudo. Se os números não baterem com os do certificado e do chassi do veículo, fim!

   Eu disse acima que a placa da minha picape é “especial”. Não é uma placa comum do estado da Flórida. E qualquer pessoa pode ter uma placa especial no seu carro. Pode até escolher as letras e os números que vai querer na placa. Tem gente que põe o seu nome na placa, ou alguma palavra especial. Só tem que obedecer o limite máximo de 7 letras. Se eu quisesse, poderia ter uma placa com o meu nome, CESCHIN. As placas especiais são feitas por encomenda e registradas no nome do proprietário em Tallahassee, que é a capital da Flórida.

   Então, é assim. Tudo simplificado. Tudo pelo correio, pagamento pela Internet, placas não lacradas, licença muito barata.

   Por que complicar, não é mesmo?